Perto da Natureza, Perto de Deus
Perto da natureza, perto de Deus.
O arco-íris no céu a dizer adeus,
natureza pura e sempre grata,
reluzente como a prata.
Rios de solidão a correr,
crianças a pedir de comer.
Mas a brisa ainda canta
na folha da videira santa.
Perto da natureza e de ti, meu irmão!
Amar tudo com nobreza de coração.
A terra cheira a eternidade,
e o sol é um vinho sem idade.
Gratidão no sorriso do rosto,
natureza cheia de encanto e gosto.
A névoa pousa devagar,
como um manto a nos brindar.
Dias de chuva e sol a brilhar,
perto da natureza, a recomeçar!
O Douro murmura segredos antigos,
e os pássaros rezam por seus amigos.
Deus abraça o universo inteiro,
todas as gentes mas o Douro primeiro.
Flores, abelhas, o mel da estação ,
tudo pulsa no encanto da criação.
No silêncio do campo molhado,
sinto Deus crucificado.
A alma é raiz que canta e sente
na terra, no céu, para todo o sempre.
Victor Marques
Deus, Natureza, vinho