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Sabbathius Apr 2015
Um barco na areia encalhado
De um inf’liz já quase acabado
Pela tempestade levado
Submetido a tão triste fado

Por maus caminhos de Proteu
Sem os conselhos de Nereu
O rumo traçado perdeu
Três mil e uma injúrias sofreu

Pelo o oceano ambos cuspidos
Conjuntamente destruídos
Ossos e madeira partidos
Rochedos e areal tingidos

Um último olhar para o mar
Já sem muito mais para dar
E menos em que acreditar
Assim um grito faz soar:

“Será só isto que consegue!?
Este corpo jamais se ergue
Vinde lá a onda que se segue
E que no profundo me entregue!"

Arrastado p’la margem fora
Que puxa-o a corrente agora
Para o além se vai embora
Destino Estige, sem demora


*Rumo ao Inesperado by João Massada is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Victor Marques Dec 2009
Caminhos sentidos de vivência,
Olhar meigo de criança,
Sentir só o presente, o sol que aquece,
Dia novo que sempre se esquece.

Rosto da vida, do amor, do momento.
Planície que se estende no horizonte,
Penedo se ergue no cimo do monte,
Legado do ser, do pensamento.

Sentir o calor com os lábios semi-abertos,
Procura de carinhos e afectos,
Ternura tua com eterna leveza,
Arco-íris cobre-me com tua pureza.

27 De Novembro de 2008

Grande abraço.


Victor Marques
- From Network, wine and people....
Rui Serra May 2014
Divaguei-as na escura noite
Indiferença
Navegas num mar de lágrimas
Abruptos pensamentos te avassalam

Segue o rio do teu pranto
Ergue-te em memória de outros dias
Reclama à vida
Reclama ao
AMOR
Mistico Mar 9
Sê gélido como jamais foste,
até que teu peito não mais pulse,
pois o amor não te pertence—
ele vem para dilacerar, para ruir,
para provar que é dádiva aos outros,
mas maldição para ti.

Não há luz em teu ser que possa iluminar,
pois tua essência jaz congelada,
tão vasta e impenetrável
que nem mil sóis a derreteriam,
nem mesmo a fúria de uma explosão atômica
romperia tua fortaleza de gelo.

Sê apenas passagem, um vulto, um nome,
nada além de um sopro efêmero.
Não almejes mais do que isso,
pois não há proveito algum em querer.
As gentes não te amarão pelo que és,
mas pelo que tens,
e se nada tens, serás o nada diante delas.

Refugia-te em tua bolha,
ergue muros contra tudo o que existe,
mais sólidos que a própria matéria,
mais impenetráveis que a razão.
Sê apenas pensamento,
ou quem sabe nem isso.

E quando o destino vier com suas chamas,
tentando derreter tua couraça,
não te enganes:
não é ilusão, mas sim prova,
um eco do tempo sussurrando
que, talvez, apenas talvez,
o frio seja tua única verdade.
Mistico Mar 16
Frio tornou-se aos próprios sentimentos,
Se antes almejava um amor, hoje se refugia em seu mundo.
Lá, ninguém entra, fortaleza impenetrável,
Santuário erguido contra a dor e a decepção.

Ao seu lado, a mulher que acalma sua alma,
Que o eleva, que o impulsiona a ser mais.
Ali, não há angústia, não há temor,
A depressão é sombra dissipada,
A ansiedade, um eco já distante.

Lembranças tristes dissolvem-se em névoa,
Chovem como gotas de uísque sobre a eternidade.
Naquele universo, ele se perde para se reencontrar,
Onde a felicidade é firme, imutável,
Intocável por mãos que apenas desejam usá-lo.

A distância? Apenas um sopro para onde deseja ir.
A cada dia, mais uma muralha se ergue,
Não como prisão, mas como escudo,
E nele, jamais haverá queda.
Douro meu, tão ferido e calado,
terra de sangue, de sol lavrado,
ergue-se agora em grito rasgado
Douro meu amor, meu legado.

Na mão que cava, a alma floresce,
Como um amor que não se esquece.
Cortam-nos sonhos , estragam nossas vidas.
Douro meu dás paisagens queridas.



Ah, Douro , muralha e pranto,
ninguém te  dá amor e alento.
Querem vender-te em postal ilustrado,
Esquecendo o meu povo mal amado.

Não queremos migalhas, nem piedade,
mas uma política com verdade.
Queremos ser parte, não vitrine,
num país que ouça, sinta, e determine
que o Douro é raiz, futuro e pão,
E quem nele trabalha  vive com paixão.


Grita, Douro, do fundo das fragas,
Elevado com minhas palavras.
Onde dormem os que têm poder,
Nao deixem meu Douro morrer.

E se ninguém me ouvir, Douro meu,
serás grito eterno, na rocha e no céu.
Serás verso, punho, lágrima e chão,
Douro minha vida, meu coração...
Douro   amor  terra,legado
Amanhecer na Vinha

Sou Alvor, luz primeira do dia,
Que beija o verde com melodia.
Nasce o sol sobre os ombros da serra,
Desperta a vida que a terra encerra.

Folhas orvalhadas cantam baixinho,
Agradecendo o calor e o caminho.
A vinha, em fileiras como versos sagrados,
Ergue-se em prece pelos dias passados.

Ali, a casa de pedra repousa em silêncio,
Guardando histórias, vinho e pertencimento.
Sou alvorada, sou bênção, sou promessa,
Sou o tempo que passa sem ter pressa.

Deus escreve com luz neste cenário,
A beleza é um gesto necessário.
Sou  poeta da videira e da paz,
Alvor do amanhecer que tão bem me faz.


Victor Marques
Douro Valley
Alvor amanhecer, casa quinta
Vede o que fazem à minha amada Nação:
Entregue, sem pejo, à ganância vil da burguesia,
Que rouba ao povo o sonho e a ambição,
Mergulhando-o num eterno mar de apatia e agonia.

E eis que uma ***** disforme se levanta,
Dos jardins sombrios da dor e da servidão,
Onde o corpo se dobra e a mente se espanta,
Na esperança febril de uma nova revolução.

Os bons de que falava Camões,
Esses padecem de uma dor implacável,
Humilhados, esmagados pelos patrões —
O quinhão é escasso, o operário descartável.

Neste povo ardem infinitas paixões,
Calejadas por um labor quase servil e inexplicável.
E tu, quem és para ditar-me sermões,
Tu, que apagaste um fulgor outrora inabalável?

Quando a tua hora chegar — e há de chegar —,
Verás tombar os lacaios, os servos e os escravos,
E das cinzas um novo Portugal há de brotar,
Pois não há grilhões que vençam o fogo dos bravos.

De pança cheia e a boca metida no polegar,
Fitam, com desdém, este povo em farrapos,
Os vilões da História, prontos a tragar,
O sangue que rega o vermelho destes cravos.

Que lá do alto ressoe, por fim, o clamor da nossa união,
No eco altivo do trabalho que ergue a esperança,
E finde-se a eterna sombra da opressão,
Pois só do amor e da garra germina a mudança.

E, prostrado, fatigado, mas de punho erguido e cerrado,
Grito, em brado inflamado: — Viva a Revolução!
Othon Jul 11
Eu
I

Tenho a eternidade dentro de meus olhos
A sanidade e a loucura entre um humano e Deus
O barco do infinito entre os abrolhos
A dança das visões de todos os meus eus!

Sou o cosmos que anuncia, na hiperestesia
De todas as guerras congregadas
Minha alma, a vencedora supremacia
No gládio das verdades rebeladas!

II

Sou o eco da aurora antes do tempo,
O verbo que se fez fragmento e chama,
O fogo que, sem templo, ergue o templo
E arde em cada abismo onde se ama.

Sou aquele que sonha no relâmpago,
E vê no caos o rosto do sentido,
Que sangra a flor do mundo com seu cântico
E renasce da morte sem ter sido.

Sou a lâmina oculta na canção,
A lágrima do anjo mais antigo,
A eternidade presa em contradição
E o louco que sorri ao próprio perigo.

Sou o instante que explode e permanece,
O semeador de luz entre ruínas,
A voz que aos céus e infernos obedece
E dança entre as estrelas peregrinas.

— The End —