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Victor Marques May 2012
As minhas raízes


Tenho necessidade e plena razão,
De puxar pelo meu botão,
De amar com o coração,
De gritar e dizer não!

Vivo no cume do monte,
A meu lado fresca fonte,
Perdido nestes infindáveis horizontes,
Sou do Douro, de Trás-os – Montes.

Vinhedos e dispersos olivais,
Sobreiros e outros matagais.
Singela e sempre nobre simpatia,
Luz bendita do meio-dia.

Victor Marques
Amour qui voles dans les nues,
Baisers blancs, fuyant sur l'azur,
Et qui palpites dans les mues,
Au nid sourd des forêts émues ;

Qui cours aux fentes des vieux murs,
Dans la mer qui de joie écume,
Au flanc des navires, et sur
Les grandes voiles de lin pur ;

Amour sommeillant sur la plume
Des aigles et des traversins,
Que clame la sibylle à Cume,
Amour qui chantes sur l'enclume ;

Amour qui rêves sur les seins
De Lucrèce et de Messaline,
Noir dans les yeux des assassins,
Rouge aux lèvres des spadassins ;

Amour riant à la babine
Des dogues noirs et des taureaux,
Au bout de la patte féline
Et de la rime féminine ;

Amour qu'on noie au fond des brocs
Ou qu'on reporte sur la lune,
Cher aux galons des caporaux,
Doux aux guenilles des marauds ;

Aveugle qui suis la fortune,
Menteur naïf dont les leçons
Enflamment, dans l'ombre opportune,
L'oreille rose de la brune ;

Amour bu par les nourrissons
Aux boutons sombres des Normandes ;
Amour des ducs et des maçons,
Vieil amour des jeunes chansons ;

Amour qui pleures sur les brandes
Avec l'angélus du matin,
Sur les steppes et sur les landes
Et sur les polders des Hollandes ;

Amour qui voles du hautain
Et froid sourire des poètes
Aux yeux des filles dont le teint
Semble de fleur et de satin ;

Qui vas, sous le ciel des prophètes,
Du chêne biblique au palmier,
De la reine aux anachorètes,
Du coeur de l'homme au coeur des bêtes ;

De la tourterelle au ramier,
Du valet à la demoiselle,
Des doigts du chimiste à l'herbier,
De la prière au bénitier ;

Du prêtre à l'hérétique belle,
D'Abel à Caïn réprouvé ;
Amour, tu mêles sous ton aile
Toute la vie universelle !

Mais, ô vous qui m'avez trouvé,
Moi, pauvre pécheur que Dieu pousse
Diseur de Pater et d'Ave,
Sans oreiller que le pavé,

Votre présence me soit douce.
Douro terra onde tudo vive


No poente alaranjado
arde o céu sobre as vinhas
e as cigarras parecem minhas,
Neste meu Douro dourado.

Formigas cruzam caminhos de pedra xistosa,
carregando alegria da bela mimosa.
Abelhas embriagam-se no néctar adocicado
das flores que o vento esqueceu.
Borboletas cartas aladas dos deuses
pousam breves nos versos meus.
sobre a pele quente da colheita.

Oliveiras que enfeitam as encostas
guardam segredos de enxadas às costas.
raízes que se entrelaçam
com ossos de meus antepassados
Douro dos serões embriagados.

Cada videira com
Seu  tronco retorcido,
é oração sem palavras,
escavada pela fé de quem aqui tenha nascido.
Homens de valor com paixão  por
mulheres de lenço de eterno pranto
no silêncio da paisagem encontro Douro e meu lamento.


O rio,
essa serpente de prata e memória,
leva nas suas águas
o reflexo do céu e da aurora
É nascente e poente,
vida que vai e regressa
no ciclo eterno de todo o sempre.

E quando o sol mergulha
no ventre da desta santa Terra.
Ela  canta baixinho
uma canção no cume da serra.


O Douro é mais do que lugar.
É pulso.
É respiração da terra.
É a poesia que ainda não foi escrita,
mas que já vive
em cada uva, em cada impulso.
Em cada abraço apertado que dou à minha gente,
em cada olhar que ama
sem saber porquê
apenas porque sente.


Victor Marques

— The End —