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Victor Marques Oct 2013
Vindima que sempre vem

Que regalo é ver estas lindas uvas que serão destinadas a ser pisadas por tantos pés generosos deste povo duriense que nas encostas trabuca com suor no rosto. Depois de tantas canseiras chega a hora da colheita para todos começarem em festa um processo que acabará nos melhores vinhos de Portugal e do mundo.

     Para haver vindima temos de ter videiras bafejadas pelo sol, acolhidas pelo xisto e amadas pelo homem duriense que não se cansa de as amar e bajular. Este meu Douro é sem sombra de dúvida local privilegiado para a produção deste néctar abençoado por Deus.
A videira que Jesus tantas vezes enumerou me faz perceber o universo, a sua diversidade e porque não mesmo a vida depois da morte. Como simples podador o homem corta as vides na esperança de uma boa colheita. Que encanto ver durante seu ciclo o despertar constante de tantos sonhos adormecidos.

      A videira delicia, rejuvenesce, cresce embalada pelo vento em socalcos e patamares e os rios são seus fiéis companheiros e a seu lado tantas árvores dão as azeitonas da paz e serviram de aconchego no Horto das Oliveiras para Jesus Cristo amar os homens e segredar a Deus seu Pai. Temos orgulho em nossos muros de pedreiros que esculpiram seu próprio fado, eles mudaram os olhares de um Douro mal-amado…

Victor Marques
vindima, douro
Victor Marques Oct 2013
Bom dia a todos...Desejo que tudo corra na plenitude e vossos anseios e desejos se concretizem na abundância e plenitude. Boa vindima para aqueles que ainda continuam na tão nobre Colheita. Esta poesia é dedicada ao meu Pai: António Alexandre Marques e a todos os seus amigos e conhecidos.

Lembro-me de Ti meu querido Pai

As videiras cansadas pelo sol tórrido de verão,
O rio corre por amor e paixão.
Eu procuro a resposta que não acho,
Sou feito de uvas e do teu abraço.

As rochas xistosas esperam a madrugada,
As uvas amarelas e avermelhadas.
E tu meu Pai continuas aqui sepultado,
Pois o vinho foi teu amor, meu fado…

Palavras sábias de profeta que sonha e sabe,
Lembrança de ti e eterna saudade.
Nossa Senhora de Fátima te acolheu,
Eu anseio também para ser seu…

As uvas dão precioso fruto,
Eu continuo vivo e de luto.
O Douro sublime se consome e exalta,
Por ti Pai saudade quase me mata…

Victor Marques
pai, uvas, amor, saudade.douro
Victor Marques May 2014
Graças a Deus
Você deve agradecer a criação de Deus?
Como um ser humano humilde Estou sempre grato a tudo que meus olhos podem ver e minha mente pode ou não poder entender.
Vejo a vida como um presente muito precioso. Não me pergunte porquê, cada pessoa é que deve ver e abrir os olhos para todas as belezas da natureza, do universo.
      A Criação de Deus é cheia de amor e carinho. O homem nunca vai ser melhor que nosso Senhor no espírito do verdadeiro amor. Seu Filho Jesus
morreu pelos nossos pecados.
Dias virão e a mortalidade permanecerá como o grande segredo para a espécie humana. Novas descobertas mostram o poder do Espírito Santo.
Como um verdadeiro crente eu vejo Deus como amigo, como uma luz que está sempre ligada, como o melhor arquiteto que planeou o mundo e fez isso de uma forma esplêndida.
      Quando eu semeio sementes não consigo ver nada. Eu me preocupo com as sementes, coloco a água, trato tudo com carinho e acredito verdadeiramente que a época da colheita virá como uma recompensa. Deus deu tudo para o homem. A cada momento peço paz, o respeito e o amor verdadeiro por toda a criação de Deus.
        Eu sou abençoado por me dedicar ao cultivo de uvas no Vale do Douro. Bendigo Deus pela minha família, amigos e por ter Deus todo o tempo na minha vida. Estou sempre grato por tudo o que rodeia no Espírito da criação de Deus.
Amor á natureza ao Universo, amando cada ser humano como Deus ama será o ideal de toda a criação.
Deus abençoe a todos
Victor Marques
Victor Marques Sep 2012
A Tua última vindima


A vindima é colheita eterna do nosso amado Deus.
O vinho é o fruto delicioso que exalta e conforta,
A uva manjar que na videira brota.
A Cepa fortalece com amor,
Poda de seu podador.
Frio e calor a videira recebe,
Como paga de quem nada deve.

Vinho doce e verde na colheita,
Maduro que videira enfeita.
Deus fez engenhosa prensa,
Touriga nacional casta mansa.

Os bagos são espremidos com pudor,
Fruto de cansaço e tanto labor.
Vinho feito pelo homem e mulher,
Vinho bebido por quem quer.

Victor Marques
vindima
VS Sep 2014
Tuas parcas impressões não me comovem
Irrito-me a cada interrupção gentil que tu fazes e
Devoro a mim mesmo em lúgubre fome,
A lamentar o que de bom poderia ter feito
Se e se

Mas

Às três da tarde
Apodreço numa cadeira áspera
Quase tão fétido quanto a fruta do vômito
Passada do ponto de colheita

Às cinco da tarde
Eu já sou molho estragado
Setenta por cento aglomerado literal de leucócitos degenerados
Pus integral

Ao cair do sol,
Sou um alface hidropônico
Pronto para ser vendido, lavado e comido por ti
Interruptor imbecil.

Voltar-me-ei ao mar
Ao esgoto
Num estado de paz surda

A solidão é um inspirar sufocado
Sufoca
Oxida as ideias
É tortura comodamente induzida

Se hoje fervilho, é sorte
Pura boa-aventurança;
Pois do profundo cócito
Fui e voltei

E cá estou
Inteiro
Longe dos dentes de Deus.
Victor Marques Nov 2012
Últimos suspiros de meu Pai

Tantos sonhos que a vida te trouxe,
Amigos teus que meus fossem.
Videiras com cepas tortas da colheita fraterna,
Peço á Virgem a absolvição plena.

Os teus sonhos partilhados,
Ficam em mim guardados.
Não serão sequer lidos,
Ficam para teus amigos.
Anjos do Céu que piamente venerei,
Tantos sonhos tu terias que eu não sei?

A vida eterna não tortura nem consome,
O xisto da Encosta de Bizarra sabe teu nome.
Tiveste amor por quem te visitava e conhecia,
Divulgaste a devoção a nossa Mãe Maria.

Guardo as mais ternas recordações,
A Virgem te amparou nas últimas orações.
Na vida e na morte sentiste,
Que Deus é Pai e existe.

Victor Marques
Victor Marques Oct 2012
Lembro meu Pai António Alexandre Marques

Na vida de todos nós,
Temos pais e avós.
Os dias passam sem despedida,
Amo meu pai toda a vida.

As videiras são teu paraíso,
Uvas do lagar se pisam sem aviso.
Vida por vezes sorridente,
Se ganha e perde num instante.

Foste podador da boa colheita,
Vinho que com Deus se deita.
As folhas das videiras avermelhadas, verdes e amarelas,
São teus anjos, tuas sentinelas.

Deus também amou o vinho,
Pois Cristo Sofreu sozinho.
As tuas memórias são sonhos lindos bem meus,
Amor eterno de filhos teus.

Victor Marques
Victor Marques Sep 2016
Videira do homem, de Deus, do amor….

Sentindo e compreendendo o amor em cada cepa torta bem ou mal formada, escrevo eu no lagar da vida que guarda segredos, e não esqueço folhas verdes que parecem se transformar num bonito por do sol, que ao fim do dia chega para aconchegar corações.

O amor pela terra, por os montes sonolentos, pelos vinhedos durienses, seus muros graníticos e xistosos nos levam a perceber a colheita deste nosso precioso néctar que nos liga ao mundo e a Deus infinito e todo-poderoso.
Recordar o ciclo da videira nos leva a perceber que também nos nascemos, damos frutos e tal como o vinho nos transformamos. Não poderia Jesus Cristo ter escolhido outra coisa, a não ser o vinho para nos dizer que um dia nossa alma vivera eternamente.

Parece que nos durienses não queremos fazer outra coisa senão tratar a videira, e esperar pelas suas uvas mais doces que o mel. Sim precisamos de sensibilidade, amor para entender todo o processo desta planta maravilhosa que acolhe tempo tórrido de verão e um inverno chuvoso e friorento.

Victor Marques
videira,Deus, amor
Victor Marques Nov 2023
Parece que tudo tinha de amadurecer,
Das árvores se desprender...
As frutas maduras caem  ao Chão,
Os ciclos são de fulgor, aceleram a respiração ,
Outono espiritual e  de transição...


Deixa tudo fluir, o Universo reflecte, reforça tua vontade...
Felicidade de alma, de paz, de espiritualidade .
Deixa o Outono transformar a tristeza e se decompor em alegria,
Como as folhas secas ficam verdes sem vaidade nem ousadia.


O Outono de vida, para tudo  renovar,
Deixe os Rouxinóis tornar a cantar,
Os répteis adormecer, e hibernar...
Outono de Céu e  mar,
Tempo de gratidão a Deus e seus Arcanjos
Aos Santos, Santas e anjos.

Deixa o Outono te amar, te adormecer,
Para acordar um novo ser...
O Outono não é banal é sagrado,
É  vida e morte tudo mistério bem guardado.
Sementes e folhas apodrecem esquecidas,
Para adornar nossas vidas.
Espiritual,  Outono, vida, morte, folhas
Victor Marques Sep 2024
Chegar sem calor humano,
Colheita do engano e desengano.
Mas chegas sem mágoa e desejos,
Outono de doces palavras e beijos.
Tudo despes e ao mesmo tempo vestes,
Sem saber ao certo porque vieste.
Mas és Outono,  com magia e muito sono,
Com nevoeiros e ventos que te cham pai, e ao mesmo tempo dono...

Sobrevivem plantas, tudo parece se perder,
Para ser vida,  semente e ao mesmo tempo  ser.
As árvores parecem adivinhar sem querer,
Que suas folhas vão  deixar de viver.
Outono de amarelar, de bem querer,
Pareces nascer e ao mesmo tempo morrer.
Mas  responde Outono  que me consomes,
Sem ter respostas para as coisas vivas e mortas.
Ai por do sol  que se deita cedo e sem cara lavada,
Outono e Inverno de mão dada.
Outono, folhas
Douro, meu amor, meu pecado


Olho a água que desliza nos ribeiros,
encostado à sombra dos sobreiros.
Vejo muros erguidos com mãos calejadas,
pedra sobre pedra, sem enxadas.

O Douro não é perfeito é eterna dor,
é fruto e colheita de suor,
embalado no silêncio do meu amor.

Tem cepas sofridas, terras duras e xistosas,
enfeitadas de rosas e mimosas.
Homens e mulheres vivem entre o sonho e a fadiga,
mas é nessa luta que vivem a própria vida.

As papoilas ardem nas vinhas douradas,
as oliveiras pacientemente amadas.
As figueiras oferecem frutos em segredo,
rebanhos e cavalos são companhia sem medo. .

Tudo isto é Douro:
encanto, ferida e tesouro.
Um amor que prende e liberta sem querer,
que fere e consola até morrer....

Douro, tu não és apenas um lugar:
és o meu destino santificado para sempre te amar,
o meu labor, o meu amor,
o meu eterno pecado.
Por Deus abençoado.


Victor Marques
Poema de Agradecimento aos Vindimadores do Douro

Nas encostas do Douro, onde o sol se deita e levanta,
cresce a videira com raízes fundas na esperança.
Ali, cada bago nasce pequeno, tímido,
mas sonha ser vinho, sonha ser canto,
sonha ser memória que o tempo nunca apaga no meu pensamento

Vindimadores do Douro, homens e mulheres da terra e do sentido,
sois vós que dais corpo ao milagre antigo.
Com passos firmes na madrugada fria e sonolents
quando o vale ainda dorme não há padre, nem água benta!
já as vossas mãos colhem a doçura do cacho maduro
já os vossos ombros carregam o peso da colheita sem preço, nem seguro,  
já os vossos olhos respiram a bruma da manhã.

O sol levanta-se, e com ele levanta-se o suor em causa nobre e por vezez irmã,
gota a gota, como se fosse também vinho a nascer do amor,
E no calor do dia, a vossa coragem não vacila:
pisais uvas com paixão, com força, com pudor!
Cada bago esmagado é promessa de futuro promissor,
é poesia escondida num líquido sagrado,
é herança que os avós nos deixaram
e que os filhos um dia hão de guardar por Deus abençoado.

Não há vinho sem a vossa alma pura
Não há festa sem a vossa canção cheia de nobreza e doçura  
Não há Douro sem as vossas mãos
que transformam a terra dura em alegria líquida cheia de sensibilidade,
que fazem da colheita um gesto para a eternidade.

Por isso, vos agradeço:
a cada ruga que o trabalho gravou,
a cada passo dado nas encostas que o tempo e o governo abandonou
a cada olhar cansado que brilha de orgulho ferido
Sois vós, vindimadores, que guardais a verdade do Douro esquecido!

E quando o copo se ergue,
quando o vinho repousa na mesa,
há sempre um pedaço de vós que nele se manifesta com alegria e tristeza.,
o suor, a canção, a lágrima e o rio  Douro nos dá com firmeza,
o mel fresco das uvas que são nossas e  enfeitam a natureza.
Obrigado.
Vindimadores  Douro  trabalho
Douro terra onde tudo vive


No poente alaranjado
arde o céu sobre as vinhas
e as cigarras parecem minhas,
Neste meu Douro dourado.

Formigas cruzam caminhos de pedra xistosa,
carregando alegria da bela mimosa.
Abelhas embriagam-se no néctar adocicado
das flores que o vento esqueceu.
Borboletas cartas aladas dos deuses
pousam breves nos versos meus.
sobre a pele quente da colheita.

Oliveiras que enfeitam as encostas
guardam segredos de enxadas às costas.
raízes que se entrelaçam
com ossos de meus antepassados
Douro dos serões embriagados.

Cada videira com
Seu  tronco retorcido,
é oração sem palavras,
escavada pela fé de quem aqui tenha nascido.
Homens de valor com paixão  por
mulheres de lenço de eterno pranto
no silêncio da paisagem encontro Douro e meu lamento.


O rio,
essa serpente de prata e memória,
leva nas suas águas
o reflexo do céu e da aurora
É nascente e poente,
vida que vai e regressa
no ciclo eterno de todo o sempre.

E quando o sol mergulha
no ventre da desta santa Terra.
Ela  canta baixinho
uma canção no cume da serra.


O Douro é mais do que lugar.
É pulso.
É respiração da terra.
É a poesia que ainda não foi escrita,
mas que já vive
em cada uva, em cada impulso.
Em cada abraço apertado que dou à minha gente,
em cada olhar que ama
sem saber porquê
apenas porque sente.


Victor Marques

— The End —