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B Jul 2015
O rancor não me serve
e os desentendimentos
não me chocam,
como na altura em que
virar costas por
erros de cálculo
fazia sentido.
E porque os desentendimentos novos
são uma maçada,
porque as ilusões imperiosas
sempre se querem repetir
até nova despedida,
porque é mais alto
o valor de um desentendimento antigo
conformado,
quase ternurento
e tão terreno,
podemos sentar-nos por aí,
numa esplanada qualquer,
eu tu e os nossos erros
e rebeldias
que pelo menos são nossos
por defeito ou conquista.
Mistico Mar 4
Nos abismos da mente, onde não há início nem fim,
existe uma porta oculta, frágil e silenciosa.
Ela se abre nas decepções e se esconde nas alegrias,
e, em certos dias, nem sei se ainda está lá.

Qual é o verdadeiro fundo dos pensamentos?
Quão profundo se pode mergulhar
antes que a própria consciência se torne um labirinto?
Será que já cheguei ao limite do que posso suportar,
onde as palavras se chocam e as dores se escondem,
presas em gavetas que nunca quero abrir?

Talvez, nas sombras dos pensamentos,
repousem memórias que eu preferia esquecer,
ou um vazio sem nome,
um cemitério de sentimentos
que ainda ecoam dentro de mim.

Mas hoje, recuso-me a afundar nesses destroços,
prefiro escrever palavras bonitas,
pintar poesias que me representem
em vez de gritar dores que não desejo reviver.

Falar? Para quê?
Se minha voz já se perdeu no tempo.
Prefiro o silêncio da observação,
o encanto do que é admirável,
e o alívio de traduzir em versos
aquilo que nunca conseguiria dizer.

— The End —