Nos abismos da mente, onde não há início nem fim,
existe uma porta oculta, frágil e silenciosa.
Ela se abre nas decepções e se esconde nas alegrias,
e, em certos dias, nem sei se ainda está lá.
Qual é o verdadeiro fundo dos pensamentos?
Quão profundo se pode mergulhar
antes que a própria consciência se torne um labirinto?
Será que já cheguei ao limite do que posso suportar,
onde as palavras se chocam e as dores se escondem,
presas em gavetas que nunca quero abrir?
Talvez, nas sombras dos pensamentos,
repousem memórias que eu preferia esquecer,
ou um vazio sem nome,
um cemitério de sentimentos
que ainda ecoam dentro de mim.
Mas hoje, recuso-me a afundar nesses destroços,
prefiro escrever palavras bonitas,
pintar poesias que me representem
em vez de gritar dores que não desejo reviver.
Falar? Para quê?
Se minha voz já se perdeu no tempo.
Prefiro o silêncio da observação,
o encanto do que é admirável,
e o alívio de traduzir em versos
aquilo que nunca conseguiria dizer.