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Poema de Agradecimento aos Vindimadores do Douro

Nas encostas do Douro, onde o sol se deita e levanta,
cresce a videira com raízes fundas na esperança.
Ali, cada bago nasce pequeno, tímido,
mas sonha ser vinho, sonha ser canto,
sonha ser memória que o tempo nunca apaga no meu pensamento

Vindimadores do Douro, homens e mulheres da terra e do sentido,
sois vós que dais corpo ao milagre antigo.
Com passos firmes na madrugada fria e sonolents
quando o vale ainda dorme não há padre, nem água benta!
já as vossas mãos colhem a doçura do cacho maduro
já os vossos ombros carregam o peso da colheita sem preço, nem seguro,  
já os vossos olhos respiram a bruma da manhã.

O sol levanta-se, e com ele levanta-se o suor em causa nobre e por vezez irmã,
gota a gota, como se fosse também vinho a nascer do amor,
E no calor do dia, a vossa coragem não vacila:
pisais uvas com paixão, com força, com pudor!
Cada bago esmagado é promessa de futuro promissor,
é poesia escondida num líquido sagrado,
é herança que os avós nos deixaram
e que os filhos um dia hão de guardar por Deus abençoado.

Não há vinho sem a vossa alma pura
Não há festa sem a vossa canção cheia de nobreza e doçura  
Não há Douro sem as vossas mãos
que transformam a terra dura em alegria líquida cheia de sensibilidade,
que fazem da colheita um gesto para a eternidade.

Por isso, vos agradeço:
a cada ruga que o trabalho gravou,
a cada passo dado nas encostas que o tempo e o governo abandonou
a cada olhar cansado que brilha de orgulho ferido
Sois vós, vindimadores, que guardais a verdade do Douro esquecido!

E quando o copo se ergue,
quando o vinho repousa na mesa,
há sempre um pedaço de vós que nele se manifesta com alegria e tristeza.,
o suor, a canção, a lágrima e o rio  Douro nos dá com firmeza,
o mel fresco das uvas que são nossas e  enfeitam a natureza.
Obrigado.
Vindimadores  Douro  trabalho

— The End —