Dourado Doce Douro
Dourado,
como o fim de tarde que adormece os montes,
como o néctar que escorre dos bagos amadurecidos pelo tempo. pelos horizontes.
Assim é o Douro
Doce no coração,
valente na alma,
firme como os braços dos que vieram antes., de outra geração.
Feitos bagos de uva de uma só nação.
Aqui,
neste vale esculpido a pulso envaidece
cada socalco é uma carta de amor dos antepassados que nos rejuvenesce ,
cada videira com sussurro antigo a dizer:
Fica. Ama. Cuida para o Douro Bendizer!
O Douro não é só paisagem,
é herança viva,
é o abraço de um avô invisível,
é o beijo de uma avó deixado num cálice de Porto.
E dum barco rabelo à deriva
Sem cara nem rosto.
Quem aqui ama, ama devagar.
Com mãos sujas de terra cuidar
com olhos que choram quando o céu se pinta de ouro dourado.
Ama com o peito inteiro pela lança lancetado
como se cada gole de vinho fosse um reencontro do presente passado,
com a infância, com a origem, com o eterno amor sempre esquecido.
No Douro, o amor não morre
amadurece.
Como o vinho nos tonéis que sendo ser vivo,
Tudo ama e nossa alma se envaidece
Douro dourado doce que nunca desaparece.
Victor Marques