Olho a água que desliza nos ribeiros, encostado à sombra dos sobreiros. Vejo muros erguidos com mãos calejadas, pedra sobre pedra, sem enxadas.
O Douro não é perfeito é eterna dor, é fruto e colheita de suor, embalado no silêncio do meu amor.
Tem cepas sofridas, terras duras e xistosas, enfeitadas de rosas e mimosas. Homens e mulheres vivem entre o sonho e a fadiga, mas é nessa luta que vivem a própria vida.
As papoilas ardem nas vinhas douradas, as oliveiras pacientemente amadas. As figueiras oferecem frutos em segredo, rebanhos e cavalos são companhia sem medo. .
Tudo isto é Douro: encanto, ferida e tesouro. Um amor que prende e liberta sem querer, que fere e consola até morrer....
Douro, tu não és apenas um lugar: és o meu destino santificado para sempre te amar, o meu labor, o meu amor, o meu eterno pecado. Por Deus abençoado.