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O Barão do Douro

James Forrester, o Barão do Douro,

Veio do Norte como quem atende um chamado,
Nos vinhedos mergulhou sem farda ou ornamento,
Chamaram-lhe Barão, mas foi raiz e vizinho,
Irmão do xisto, guardião do vinho.

Veio sem espada, mas trouxe o olhar
De quem mapeia montanhas para libertar.
Riscou o Douro em linhas de coragem,
Com tinta de alma desenhou a paisagem.

Queria o vinho livre, inteiro, verdadeiro,
Sem o peso sujo do lucro estrangeiro.
Gritou contra o jogo que rouba e disfarça,
Elevou o Douro em copo e em taça.

Desceu no barco com sede de justiça,
Nas águas levou o sonho à superfície.
Mas o rio, ciumento, puxou-o ao fundo,
E o imortaliza no Douro e no mundo.

Mas não, Barão, não foste calado:
Nos socalcos ecoa teu passo marcado.
Nas pedras ainda arde a tua chama,
O Douro não esquece quem o ama.

Em cada garrafa dorme a tua memória,
Em cada rolha um sopro da tua história.
No murmúrio das folhas, no céu da vindima,
Vive o Barão, eterno, com a sua sina..
James Forrester  Barão Douro
Victor Marques
Written by
Victor Marques  Douro Valley, Portugal
(Douro Valley, Portugal)   
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